Semanas atrás, a Turquia abateu um caça russo que invadiu o seu espaço aéreo. Segundo o governo turco, o avião avisado dez vezes antes de ser derrubado.
Por Gabriel Bocorny Guidotti
Jornalista e escritor
Porto Alegre – Brasil
N um período em que mínimas suspeitas podem significar ataques terroristas de grandes proporções, a medida constituiu um acto de defesa, aparentemente. A Rússia não se contentou com a justificativa, entretanto. Resultado: crise diplomática entre os dois países.
No incidente, os dois pilotos ejectaram-se. Um deles acabou falecendo. Para os olhos do povo russo, um de seus filhos morreu em serviço militar. E foi abatido pela Turquia, país supostamente aliado. O presidente Vladimir Putin, pressionado, não se absteve de ficar incólume perante o ruído internacional. O Kremlin anunciou que a Rússia vai interpor medidas restritivas aos turcos, desde sanções económicas a severas intimidações no relacionamento entre cidadãos nacionais.
As restrições abrangem, entre outras coisas, a suspensão dos voos fretados entre Rússia e Turquia, a proibição de empregar turcos em empresas russas e o restabelecimento de vistos entre os dois países a partir de 1º de Janeiro de 2016.
O decreto, que entrou em vigor na data de sua publicação, apenas oficializou algumas acções já informalmente aplicadas em território russo. Em outras palavras, indivíduos que nada contribuíram à crise serão os mais atingidos.
O piloto sobrevivente afirmou, em entrevista, que jamais recebeu qualquer alerta, seja por rádio ou visual. O caso gerou reacção imediata do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Ele declarou seu lamento pelo ocorrido. Por outro lado, Erdogan defendeu a actuação do exército de seu país, além de criticar a postura russa na Síria.
Quem tem a razão? Há questões mal explicadas nessa história.
Guerras começam de mal-entendidos. Creio que dessa vez não seja para tanto. O caso repercutiu em vandalismo na embaixada turca na Rússia, há algumas semanas. O incidente deveria ser tratado como uma fatalidade, apesar da morte de um piloto.
Não há justificativa para um episódio isolado ensejar um clima de beligerância entre dois grandes países. Destarte, a necessidade de conflito é da natureza humana. Espero que mais vidas não sejam violentadas diante de um novo ruído internacional.
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